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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Master Review - Férias Frustradas do Pica-Pau (1996)


Saudações, Masteramigos do QG!
Dezembro chegou e, com ele, o período de férias. Opções para aproveitar os dias de descanso variam, de acordo, com o gosto de cada um. As viagens são mais do que bem vindas e, costumam ser, o lazer preferido das famílias. Ao contrário do título que abordarei (cujo nome, faz muito sentido), desejo que a diversão dos que forem passear, seja bem satisfatória.
Para o texto de hoje, tomei por base a versão do Master System mas, farei citações pontuais, sobre a de Mega Drive, dada suas semelhanças (no bom e mau sentido).
Apertem os cintos e se preparem pois, essa aventura, será "punk"!

Os anos 90

Quem viveu a época, presenciou o surgimento e agigantamento da Tec Toy. A empresa investiu pesado no ramo de brinquedos tecnológicos e, enveredar-se no mercado de videogames, foi o caminho natural. Ainda assim, seu sucesso surpreendeu a todos pois, como o Brasil não é para amadores (com impostos obcenos), tudo custava "os olhos da cara"... eletrônicos, eram para gente abastarda. Os mais humildes, se viraram em crediários, parcelando em várias prestações para obter as maravilhas de última geração.
Mesmo com esse cenário econômico caótico, a empresa viu seu faturamento aumentar, firmou parceira com a Sega, trouxe seus produtos e, o resto, é história. É sabido também, que localizou títulos para nosso português, transformou personagens japonesas em "Golduchas Dentuças" (por meio de hackroms) e ousou fazer seus próprios games. Mas, será que deu certo?

Nunca, um nome, fez tanto sentido

Frustradas... esta palavra, define o game de forma retumbante.
A movimentação do Pica-Pau é esquizofrênica, por vezes é travada e, "do nada", se desembesta à correr. Entretanto, tal ação, o torna ainda mais lento porque, o jogo todo fica lerdo. Na segunda fase, no "Hotel do Leôncio", o framerate cai tanto que, não é possível dar o comando para correr (dois toques rápidos para frente) pois, simplesmente, não funciona.
Como se isto não fosse ruim o bastante, há momentos que é preferível ignorar algum item porque, não conseguirá acessar determinadas áreas. Se, o nosso boneco, estiver num nível abaixo e for saltar, baterá a cabeça na plataforma acima, tendo o movimento interrompido. O mesmo vale, quando estiver perto de uma parede, ficando "grudado" e precisando fazer a manobra à certa distância dela. Tais problemas, num game de plataforma, é catastrófico. Calma, que ainda tem mais! Outra coisa horrorosa, são as colisões de sprites. É tão complicado acertar a bicada em alguns inimigos (como os cachorros) que, é melhor, passar direto por eles.
Agora, não sei se descobri um lado mazoquista que desconhecia mas, a raiva, virou motivação. No fim das contas, peguei a manha em domar esse emplumado mequetrefe e... pasmem! Fui até o fim deste inferno e voltei, para com a história (as imagens, são de meu gameplay).


Mas, tem algo que se salve?

Passada as agruras desta aventura tortuosa, o sentimento que bateu, foi o de pena. A galera da Tec Toy tinha boas intenções pois, é visível, no trabalho com os gráficos, animações e trilha sonora. Tiveram sacadas inspiradas nos jogos do Sonic, aqueles gestuais, que faz ao perder equilíbrio na beirada de plataformas ou quando fica muito tempo parado. Há ainda, partes com ação diferenciada, como um singelo teleférico e a descida com esquis montanha abaixo (fase três), além de uma fase subaquática e as de bônus. Enfim, tinha potencial mas, sobrou amadorismo.
E, o que dizer, da dificuldade e level design? Chega a ser frustrante saber que, se os controles não fossem tão problemáticos, o game seria ridículo de fácil. Depois que aprendi à dominá-los, evitando os pontos mal projetados (que acabam em morte certa) e driblando os inimigos difíceis de acertar, concluí tudo sem morrer uma única vida... foi quase um "speedrun".
Aliás, vida é o que não falta, é uma festa de tantas que surgem. Já se começa no máximo (seis) e, durante as fases normais e de bônus, dá para repor tudo. Suspeito que, cientes destes problemas, os desenvolvedores deram uma aliviada para nós jogadores.
Seria interessante se, algum programador talentoso, refizesse esse game. As comunidades de modificadores dos jogos do Sonic, realizam muitas proezas e, um deles, acabou fazendo Sonic Mania para a Sega. Quem sabe, redimam o Pica-Pau e ele possa virar um novo "cult" dos games retro?

Considerações Finais

Do game em si, há pouco à dizer, além do que é praxe no gênero. Portanto, vou concluir nosso bate-papo com "divagações" (gosto muito disto, aliás).
Nos dias atuais, existe ferramentas que auxiliam a criação de jogos. Engines como o MUGEN, OpenBor, RPG Maker ou o 2nd Fighting Maker, praticamente, te economizam toda a parte de programação. Além destes, volta e meia, surge novos recursos que possibilitam criar direto para os consoles antigos, como a Genesis Fighting Engine... fãs estão "botando a mão na massa", confeccionando cartuchos e vendendo aos interessados. Este cenário não existia nos anos 90 e, por isso, louvo o esforço da Tec Toy em desenvolver seus projetos.
Eles já sabiam modificar uma rom, citando os games da Mônica. Depois, passaram a portar jogos de Game Gear para o Master System e, num momento posterior, desenvolveram tal método de fazer seus próprios. Então, com essas linhas de conhecimento, não seria possível, pegar um game pronto e fazer um hack mais "pesado", ao invés, de trocar uma imagem por outra apenas? Neste caso, modificariam-se fases (aumentando o número delas, por exemplo), elementos estéticos, sonoros, etc.
Em suas defesas, alegam que não tiveram acesso aos kits de desenvolvimento da Sega e, não tenho motivo, para duvidar. Somado à isto, como não entendo de programação, fica difícil dizer, se meu pensamento faz algum sentido... só posso deduzir.
Por quê estou expondo tais argumentos? Porque, depois de me frustar no Master, fui redobrar meu sofrimento no Mega Drive e... SURPRESA! Esta versão se tornou "jogável", acreditam nisto? Foi como treinar com gravidade aumentada em Dragon Ball Z (Rss!!!).
E vou deixar perguntas no ar...
A Tec Toy, apanhou mais no Master do que no Mega? Todas as empreitadas dela no 8 bits da Sega (tirando as alterações em roms), foram desastrosas. Entretanto, no 16 bits se saiu melhor, tanto na versão do Pica-Pau como o port de Duke Nukem 3D (este último, é surpreendente e roda lisinho). Qual é o mistério?
Se, por acaso, trampou lá na empresa e leu este texto, nos elucide esta dúvida... por gentileza.

Até mais, pessoal!
Os vejo em 2022.



3 comentários:

  1. Douglas, terminando o ano em grande estilo!

    Mano, o jogo foi uma das coisas mais paradoxais que experimentei nesse mundo retrogame. Vimos o esforço da Tectoy com um tema popular no Nrasil e até tivemos o Alexandre Pagano falando do game aqui.
    Mas é difícil jogá-lo. Nunca avancei muito.

    Contudo, teu review tá incrível!!
    Parabéns e feliz ano novo!!

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    1. Ola, Rodrigão!
      Tudo bem?
      Era para ter escrito antes este texto mas, como demorei, esperei chegar esse momento... férias e dezembro tem tudo a ver. Agora, o que não tem nada a ver, foi esse trampo mal executado da Tec Toy.
      Infelizmente, boas intenções somente, não bastam e Férias Frustradas do Pica-Pau faz muito sentido... é uma experiência muito frustrante.
      Grato pelas palavras e que, 2022, seja um ano repleto de alegrias.
      Abraço.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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