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domingo, 1 de abril de 2018

MD Review - Pirates! Gold (1993)


Salve marujos!
Embarquem logo e tragam uma garrafa de rum! Depois de um longo tempo navegando, vamos dar uma olhadinha nesse curioso jogo de Piratas para o Mega Drive, o Pirates! Gold.


Lembrou do carinha da Companhias das Índias Ocidentais do Piratas do Caribe?

Pirates! Gold me interessou por mera curiosidade. Foi na ultima edição da Supergame que vi uma palhinha do jogo produzido pela Microsprose.
Jogos de Piratas são raros, ainda mais um RPG de simulação. Então não me custou nada conferir o game.

Dica: A espada escolhida nivela a velocidade e o dano. O rosto mede o moral e o "Life".
Se estiver em desvantagem de marujos, vença logo e ponha na parede!

HISTÓRIA DE BUCANEIROS
Tudo começa com você sendo prisioneiro de um navio ou chegando de viagem num porto desconhecido. Você entra em duelo com o capitão. Assim que você vence, se torna o novo capitão e vai piratear pelo seu país nas Américas além de buscar os 10 objetivos do pirata, entre achar parentes desaparecidos e tesouros lendários.
A sorte está lançada.

As batalhas marítimas podem demorar.
Escolha o Barque que é mais leve com mais marujos caso não tenha um War Galleon.
O ideal nos níveis baixos é chocar logo e partir pro duelo pra não perder o navio.

GRÁFICOS E SONS
Pirates! Gold no sentido visual é mediano. Mas de jeito nenhum é um defeito. Típico dos jogos de PC, as telas são escuras e a arte lembra as velhas pinturas da era moderna e muitos personagens só mudam a cor da roupa ou tom de pele, mas é óbvio que os gráficos foram melhor desenhados que a versão NES.


Dica: mantenha a tripulação contente. Caso comecem a se irritar, divida a grana e tente de novo.

A imagem do barco no mar é bonita com aquele bom trabalho dos jogos de simulação de PC dos anos 90, com uma boa sensação de relevo e distancia, em especial, as nuvens quando atravessam o navio ou o brilho nos trechos rasos. Rouba a presença de espirito quando seu mestre dá um grito "Im-ho!" do mastro anunciando barco ou cidade. A música logo na introdução é o clássico tema de marinheiro (vai dizer que você nunca ouviu no Popeye?), e ela dita todo o clima da sua aventura.

Sua cabine é onde administra sua situação:
O mapa na Parede é o "Mundo".
O rolo no pote é um mapa do tesouro adquirido.
O Espelho-Cômoda seu Status.
A porta inspeciona a Tripulação e prisioneiros.
O Diário confere os acontecimentos.
A Cama salva o Game.

PIRATAS SÓ DO CARIBE
Um "furo" das revistas que mencionaram este jogo, foi usar a velha expressão "sete mares." O jogo só se passa no Mar do Caribe (tente fugir de lá!).  Há uma boa descrição das colonias da época: Caracas (Venezuela), Trinidad (Trindade e Tobago), Havana (Cuba), Florida Keys (EUA), Vera Cruz (México), Port Royale (Haiti), San Juan (Porto Rico), etc.

Decidimos disponibilizar o Mapa que veio junto ao manual.
Você já tem um no Menu, mas fica mais fácil tendo-o à mão.

Há uma perfeita precisão histórica e geográfica do game e nunca as experiencias são iguais: 


1) Você escolhe sua origem: inglês, francês, espanhol e holandês. (Só não tem português porque estavam muito ocupados com o Brasil, embora haja um Pirata Silva). Você inicia com histórias e cidades diferentes. Algumas adorei, outras só apanhei tentando fazer a mesma coisa quando a nacionalidade mudou.

Isso trará consequências: meu capitão francês foi recebido na casa de um governador espanhol que me cobrou a indenização por afundar seus navios. Mas após ter detonado um navio inglês, o governador holandês me deu uma recompensa.

2) Você escolhe a época do jogo (e com isso o objetivo da "campanha" em geral, o séc. XVI e XVII) e muitas cidades mudarão de nome como Santiago de la Vega vira Port Royale (Kingston).

1660 - The bucaneers heroes - (principal)
Recomendo jogar neste período, os não-espanhóis encontrarão governadores na maioria das províncias e as Pequenas Antilhas (St. Kitts, Guadeloupe, etc) já são habitadas.  

1680 - Pirates Sunset - (mais recente)
Mais recente e o mais próximo de um poder equilibrado. Com mais colonias inglesas e francesas, algumas espoliadas da Espanha. Os espanhóis do jogo deixam o cargo de renegados e viram guarda-costas, parecido com os portugueses no Brasil.

1560 - The Silver Empire - (mais antiga)
O segundo mais difícil. Quase tudo pertence à Espanha. Ha menos cidades. Inglaterra e França tem umas 3 cidades perto da Flórida. França e Inglaterra quase não vemos a cara dos governadores. 

1600 - Merchants and Smugglers
Uma época também em que "tudo era mato", ainda mais se não for espanhol. Trindad parece ser uma cidade neutra. A França só tem Eleuthera e G. Bahama. Inglaterra tem St. Louis e Grenada. Holanda aparece no jogo tentando abocanhar as colonias da França. O mais difícil período.

1620 - The New Colonists
O jogo vai virar para os inimigos da Espanha, avançando nas Pequenas Antilhas, ficando poderosa mais na parte continental. A França fortalece no Haiti e S. Cristorphe. A Holanda possui antigos territórios franceses do Norte e Curaçao. A Inglaterra avança com Barbados, Nevis e Providence.  É menos difícil que as épocas mais antigas.  

1640 - War for Profit
A Holanda não cresce muito com Curaçao, S. Eustatius e S. Martin. A França aumenta com Martinique, Guadaloupe e Petit Goove. Está quase chegando ao período principal do jogo.

A boa e velha Taverna pra ter informações e socializar.

MINHA VIDA É TÃO CONFUSA QUANTO A AMÉRICA CENTRAL...
A relação entre época e personagem muda o desafio por causa da questão geopolítica: Quanto mais antigo, mais cidades tem a Espanha (lembrem da aula de História, crianças!) e a Holanda quase não existe. Nas Eras recentes, este poder está mais balanceado entre as 4 nações. Se você lembrar das línguas faladas nos países atuais, fará mais sentido.

Um pirata inglês inimigo da Espanha, terá muitos navios pra saquear, mas as cidades espanholas poderão boicotá-lo. Já um navegante guarda espanhol teria muitas cidades favoráveis, se  precisasse trair a pátria de vez em quando pra sobreviver.   

As especializações que seu personagem pode escolher são:
- Fencing - você é um melhor espadachim. Recomendo para novatos.
- Navigation - você navega melhor. Historicamente eram mais os  holandeses.
Gunnery - seu tiro mais rápido e certeiro. Combina com o inglês.
- Wit and Charm - você tem mais lábia e as mulheres caem na sua conversa. Claro que é a cara do francês.
Medicine - você se cura e vive mais tempo (lembrem-se que a expectativa de vida era baixa!) Para terminar o Game é a melhor chance de conseguir.

Há cidades com Inflação. Tortuga, Barbados, Curacao, depende da época.
Aproveite pra vender  nesses lugares.

PARTE DO NAVIO E TRIPULAÇÃO
Nas colonias você tem 5 lugares a visitar:
- o Estaleiro (que pode vender canhões ou  barcos e fazer consertos)
- o Mercador (que compra e vende suas provisões com o D-Pad);
- a Taverna (que você contrata marujos, ouve dicas ou compra mapas);
- a Casa do Governador (que pode te promover, recebe missões secretas, paga armistícios, e até flerte de uma mulher muito feia, eu levei!);
- e por fim, o Banco (Divide o lucro com a tripulação, encerra o jogo e sobe de nível), é bom achar um tesouro e vender tudo antes de fazê-lo. Fique apenas com o melhor barco, ou a tripulação leva.
Você pode entrar na cidade, espionar ou ataca-la, do jeito que quiser. Talvez a parte mais difícil é atacar cidades. seja de barco ou em terra.
É importante contratar marujos, pois eles costumam desertar ou fazer motim.
Consiga vitórias e riquezas pra mantê-los fiéis.
Joguei tranquilo mesmo sem saber que precisam de 8 para navegar um navio e 4 para usar um canhão.
Não se preocupe no início.

Em alto-mar, você viaja influenciado pelos ventos, e de forma realista você "pega impulso" pra não ficar encalhado. Viagens demoradas faz com que a comida acabe e os marujos desertem ou amotinem, trechos rasos danificam o navio (como nas Bahamas ou Ilhas Virgens). O botão A é para o Mapa, o B controla as velas (segurando o tempo corre), o C acessa a cabine. 


Dica: Escolha bem sua arma pros duelos.
O Rapier é rápido, mas o Cutlass mais
forte. O Timing de ataque e defesa é essencial.

HOLANDÊS VOADOR
O legal é ver um navio do país inimigo (ou mesmo uma feitoria hostil) e declarar guerra. É meio lento pelo realismo, OK, ainda mais manobrando com vento oposto, mas arrancou-me um sorriso  desviar no ultimo seguindo de um tiro, dar 3 tiros de canhão no navio inimigo até hastear a bandeira branca ou bater na popa pro atraque. Já dei azar de encontrar um galeão com 200 homens contra 15 meus, e a única chance que tive foi bombardear (navegando em círculos) o inimigo pra reduzir a tripulação. Nas ultimas jogadas, bombardeei tanto um galeão espanhol que afundei o navio e não ganhei nada!

Atracados, rola um duelo similar a Prince of Persia, É "realista", mas não custava usar uma mecânica mais comum dos jogos de ação. 
O A é a estocada (com direcional pra barriga ou cabeça), o B é o balanço (que é mais lento mas é mais forte e também serve de contra-golpe ou de longe) e o C é a defesa. 
Mesmo sendo habilidoso, é importante a vantagem numérica pro inimigo se render. Nos primeiros níveis dava estocada sem parar, agora uso o feeling pra defender na hora certa e mandar contra-ataque. Tente encostar o inimigo na parede ou dar golpes seguidos nele para se render.  

Além do seu Pirata com os 10 objetivos, também há a opção de
seguir jornadas de piratas reais. Também há duelos genéricos no Options.


Posso dizer que foi legal a experiência sem compromisso de sair com meu capitão francês sem rumo em 1660, só usando meus conhecimentos de Geografia, atacando navios ingleses e espanhóis, abastecendo em cidades aliadas (França e Holanda) e procurando tesouros. Nada de Krakens ou sereias, o lance é realista. 
Fui preso quando perdi marinheiros, parte do navio foi avariada em rochas numa ilha "apelona" me Eleuthera e fiquei preso meses lá. Tudo como uma bela aventura. Até perceber que tinha esquecido como programava o save no everdrive... Quis comprar o cartucho!


A prisão é o pior destino do Pirata, após uma derrota ou motim.
Você perde as missões, o tempo passa, e você envelhece. Você pode morrer ou desistir da carreira.

Quando achei que tudo era linear e previsível, foram surgindo cutscenes que não sabia que existiam, e imprevistos surgindo: Era uma carta que tinha que entregar com urgência; era um mapa do tesouro que tinha que achar a outra parte e deduzia onde era; encontrei minha irmã num mapa como quem acha um tesouro, movendo a tripulação no lugar imaginado e apertando o botão A;
outra era uma cidade que conhecendo minha fama já me recebeu com armas; houve um pirata que tropecei na taverna em San Juan e duelamos; o Pirata Delgado capturei no meu navio mas fugiu; um tesouro que achei em Nassau estava justo no barco que passei no mar raso e afundou; e ainda num nível mais avançado do jogo uma gata ruiva que só levei na conversa decidiu me chamar pra jantar e revelar o que sabia dos boatos dos tesouros lendários... a lógica feminina funciona bem aqui.

Seu pirata também terá um tempo por amor...
Mas é bom olhar as propostas diferentes primeiro!

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se o leitor quer algo no estilo Cutthroat Island ou Pirates of Dark Water, corra deste jogo! Não há feras, nem golpes especiais. Mas se você quer se divertir num belo jogo de exploração e conquista, Pirates! Gold tem a emoção, realismo e lógica que você precisa. Nem vai precisar da garrafa de rum!
Recomendo!






5 comentários:

  1. O texto me trouxe o clima de PC. Adorei o jogo, principalmente essa riqueza de possibilidades dependendo da época e personagens. Muito bom.

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  2. Ulisses, corre pra conhecer este game!
    Ele é um game feito pra PC com melhorias pro Mega, bem como Prince of Persia.
    É um jogo pra toda vida. Se vc zerar com um personagem, muda a nacionalidade que o desafio muda. Muda a época que fica mais difícil! Outro ponto que gostei foi o realismo. Moral com os marujos e inimigos como nos RPG's de mesa é bem real. Até as paqueras reagem realisticamente.
    Abraços e obrigado! Aparece sempre!

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    1. Rapaz, eu diria que este jogo é preciso jogar com calma. Com certeza vou testar ele, tem ótimos RPG´s que estou ensaiando no PSP mas depois de ler seu texto acho que vou priorizar esta belezinha aqui.
      Grande abraço.

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  3. Que bom que o blog continua na ativa, sempre coisas interessantes neste blog. Gosto muito acompanho desde 2015. Me lembra muito revistas de games de 2000 cada resenha, a nintendo e playstation. Parabéns.

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    1. Estamos vivos, Vitor!
      Aqui na Page e no Facebook também! Agradeço que você sempre está conosco desde essa data. Continue pois vocês são nosso combustível pra tocar nosso barco!
      Muito Obrigado e continue conosco!

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