Olá gente!
Prosseguimos nosso Outubro Rosa com uma surpresa. A primeira entrevista comemorativa neste mês! Grudem com a gente pra conhecer algumas das nossas Gamers mais queridas. Primeira Parte do nosso mês especial.
Já tem alguns meses que entrevistamos muitas colegas do movimento retrogamer. É notório que desde o Atari, o numero de garotas Gamers aumentou muito. São elas adolescentes, mães de família, donas de canais ou bloggers. Nesta primeira parte, vocês ficam comigo com quatro das 9 entrevistadas: a carioca radicada em SP, Bianca Magalhães (a famosa "Bia Chun-Li", 33 anos), a caxiense Taís Azevedo (27 anos), a suíça radicada no Rio Fiona (24 anos) e a fluminense Maria Luiza (17 anos).
Misto de entrevista e divã, minha conversa com as meninas foi das mais interessantes, e eu mal sabia o que me esperava. Elas me contam como começou, o que gostam de jogar e os dilemas de ser uma gamer nos dias de hoje.
Em tempo: Nesta semana, Bianca teve mais um filho, parabéns e muita saúde pro Ryuzinho, Bia!!
RODRIGO: Olá meninas, vamos iniciar nossa entrevista! Bem, a minha primeira pergunta é: Como foi o contato inicial
de vocês com o mundo dos Videogames? Se foi com a família, foi com os amigos,
ou foi uma experiência solitária mesmo. Queria saber de vocês!
TAÍS AZEVEDO: Bom, a minha irmã, hoje em dia já
falecida, ela tinha um Atari. Então, posso dizer que jogo desde que nasci,
Desde que eu me lembre uns 4 anos de idade.
MARIA LUIZA: Então, a minha primeira
experiência de videogame foi por causa da minha mãe. Ela comprou um Playstation
pra minha irmã. E eu jogava junto com ela. Minha mãe sempre jogou, minha
familia também jogou, creio eu. Desde o fato que minha irmã mais velha já tinha
um Super Nintendo. E aqui embaixo de casa
também tinha um tipo de Cyber (uma Lanhouse),
onde tem um monte de Playstation onde as pessoas jogavam e eu gostava de ficar lá
vendo as pessoas.
Isso eu tinha uns 3 ou 4 anos de idade.
FIONA: Meu irmão recebeu um Gameboy quando
eu tinha uns 6 anos. Quando minha mãe viu que todo mundo queria um, ela comprou
pra gente também. Aí eu recebi meu Gameboy com uns 7, 8 anos.
BIA CHUN-LI: Ok, assim, minha primeira
experiência como até eu disse anteriormente, foi com 8 anos mais ou menos, quando eu comecei a jogar jogos de luta. Foi no caso, graças a meu primo, e de certa forma também ao meu pai, que também curtia. Por volta dos 18 anos, minha mãe tinha um bar que
tinha uns fliperamas, e eu meio que terminei já me interessando.
E ao menos eu
nunca tive nenhum tipo de problema de ficar jogando videogame assim, ao menos, não assim com a minha família. Eu até me lembro quando eu era criança. Às
vezes, os meus amigos queriam jogar fliperama em algum lugar, ela até que
deixava eu ir, mas desde que fizesse todas as tarefas da escola.
RODRIGO: Gostaria de saber qual o jogo preferido ou os jogos
preferidos de vocês e quais as personagens vocês gostam mais, de todos os jogos
que já foram feitos, vocês jogaram, qual o jogo que vocês tem uma predileção e
um personagem preferido, podem responder?
TAÍS AZEVEDO: Nossa, que pergunta difícil! Eu já tive muitos personagens favoritos, muitos jogos preferido. Começou ainda pequena, que eu gostava muito do Sonic que era o único jogo que vinha no meu Master System que vinha na memória. Depois, minha preferencia foi mais por Jogos de luta, eu gostava muito da Sonya Blade de Mortal Kombat, da Blaze Fielding de Streets of Rage. Depois, conforme eu cresci, parei um pouco de jogar, mas depois que conheci meu atual marido a gente voltou a jogar, frequentar fliperamas e tal. E um jogo atual que gostei muito de jogar foi Life Strange e eu gostava muito da Max.
BIA CHUN-LI:: Bom, assim, os meus jogos favoritos
são a série Street Fighter que eu sou apaixonada, doida mesmo (risos) - isso
ficou bem claro na minha apresentação devido ao meu nick, eu também gosto
muito, mas muito mesmo da série Sonic, de Nights que já foi até um jogo do
SEGA Saturn que tem até já uma versão, se não me engano para o Nintendo Wii que
seria a continuação dessa série. Eu costumo de dizer que são as 3 séries que
mais gosto. E assim, dos meus personagens
favoritos, primeiro assim, de longe é o Ryu, que sou apaixonada mesmo. A Chun-Li
que é minha grande musa inspiradora, o Eddie que um novo personagem do Street
Fighter V, que eu até brinco falando que
ele é o meu segundo "husband", que o primeiro é o Ryu (Risos) Eu também assim
curto muito outros personagens como a Morrigan
da série Darkstlakers , a Mai Shinranui de King of Fighters, assim da
série Mortal Kombat, gosto muito da Sonya, da série Sonic, o próprio Sonic
mesmo e o Tails que eu adoro! Acho que se
for pra fazer uma lista de personagens que eu gosto muito ia ser uma lista bem
longa.
FIONA: Então, eu nunca foquei muito em
personagens... Eu sempre foquei no jogo inteiro. Na Arte, na musica e na
história. Mas quando era mais jovem, eu sempre gostei do Mario. Eu joguei muito de Super Mario Lands, gostei do Link também. Agora de jogos mais recentes, a
princesa de Child of Light, a Max do Life Strange.
MARIA LUIZA: Assim, como meu primeiro
contato foi com Playstation e não tinha
muitos jogos, o que eu mais gostava de jogar era Crash Bandicoot. Nossa, eu
joguei muito, zerei muitas vezes Crash, também eu tive um emulador de Super
Nintendo no computador, e isso me fez jogar muito, um jogo japonês que eu não sei pronunciar o
nome direito, mas é “yoyoyo” (...), algo assim, encontrei recentemente e é um jogo que
eu to gostando muito, to adorando.
Esses são meus dois jogos favoritos de
infância, Meu jogo favorito atualmente League of Legends e tem uma personagem que eu admiro muito no Lol que é Annie, né?
Ela é uma criança e tal, enfim, a história dela é muito boa, as animações dela,
de longe é minha personagem favorita. Também tem outro personagem favorito só
que do Mario que é a Rosalina, eu adoro a Rosalina, tipo, é um ar diferente do
Mario, nisso eu gostei dela.
RODRIGO: OK gente, agora, aproveitando um ganchozinho que eu peguei numa
das questões me veio outra pergunta que vou fazer pra vocês. Eu queria
perguntar a importância do videogame na vida de vocês .Se é meramente uma diversão de uns momentos na semana ou se vocês dão uma importância maior
se torna mais do que um simples
passatempo de momento, e claro, queria saber também, qual a
relação de vocês, as jogadoras e aquele convívio: família, amigos, etc e tal.
Vocês sentem um pouco de diferença dos rapazes que jogam com sua relação com
família, amigos e trabalho?
TAÍS AZEVEDO: Eu gosto de jogar pra passar o tempo, pra refazer a cabeça. Quando tô nervosa, tô muito estressada, jogar me ajuda a ficar mais tranquila por isso mesmo que eu não gosto de jogos muito complicados ou que demanda muita atenção.
O que eu gosto
de jogar mesmo uma coisa mais tranquila pra me divertir.
Já em relação a diferença, eu não vi muito isso
porque no convívio próximo meu com primas eram meninas, então, eu jogava
videogame com a minha prima principalmente que ela era um ano só mais velha do
que eu e tanto o pai dela quanto o meu pai nunca falaram nada do gênero e meus
amigos também apesar de sempre eu ter tido mais amizade com meninos do que meninas nenhum falou nada pra mim a respeito de “ah, porque você joga e tal”,
sempre foi uma conversa natural eu gostar de jogos e eu ser menina não
influenciou muito, pelo menos, quando criança. Depois quando eu entrei na
adolescência e comecei a usar o ambiente da internet que pessoas desconhecidas
que diziam, né, “ah essa menina não sabe, essa menina tá inventando, quer
chamar a atenção”, coisas do gênero.
BIA CHUN-LI: Vamos lá, assim, no meu caso, o jogo pra mim é uma diversão,
só que também..
como é que posso me explicar? Eh, até mesmo pelo fato de eu ser
muito, mas muito fã de Street Fighter, eu tenho há mais de 10 anos um blog da
série, então, assim, o jogo na minha vida tem uma relação mais profunda, assim,
não apenas com o meu blog, mas também porque eu colaboro com outro site,
inclusive, veio até um artigo meu numa revista também, sem contar que
basicamente a história do meu casamento está intimamente ligada com o jogo de
luta, meu marido joga também, ele inclusive também já participou de
campeonato de The King of Fighters, a gente se conheceu em um fórum de jogos de
luta, (risos) então, ao menos comigo tá um pouco mais íntima a coisa. E assim,
com a minha família, a minha mãe nunca se importou muito, ao contrário, quando alguém falava alguma besteira pra ela,
ela mesma dizia que preferia me ver em casa jogando que na rua fazendo uma
porcaria.
O meu filho, ele gosta tanto, que assim, eu tenho uns amigos lá do
Rio de Janeiro, que tinham alugado uma casa pra eles literalmente ficarem
jogando, e o meu filho se amarrava até pra ficar jogando também. O meu marido
também joga e a minha relação com meus amigos, eles sabem que eu jogo e muitos
deles gostam e jogam também, inclusive tenho vário amigos que conheci
justamente por conta desse gosto em comum, e ao menos comigo nunca houve nenhum tipo de
diferença. Se for pra jogar contra, a gente vai, se for pra só ver, ao menos eu
tenho uma relação boa! (Risos)
FIONA: Então, o meu caso é diversão. Eu jogo
pra relaxar, depois de um dia estressante de trabalho. Eu normalmente jogo com
meu namorado. Então, é uma coisa que a gente pode fazer juntos, sabe, uma
atividade de nós dois.
MARIA LUIZA: Então, com relação a família,
sempre foi muito de boa, porque minha família toda joga. Sempre tive até
incentivo pra jogar. Pessoas me ensinando a jogar e tal, sempre fui
incentivada. Quesito de família. E amigos também. Só quando eu era mais nova,
pessoas estranhavam que jogo videogame. E elas me apontavam como “Maria Sapatão”
com o fato que eu jogava, mas isso não me afetou. E jogo bastante! Jogo alguma coisa todo dia,
nem que seja ao celular. Nem que seja o joguinho dos dinossauros quando a
Internet cai (Risos).
FIONA: Em relação à Familia, eu acho que
nunca tive diferença dos meus irmãos de mim, tipo, quando minha mãe chamava pra
ajudar, na casa e tal, sempre fui eu E meus irmãos, todo mundo. Agora, o que
vejo aqui no Brasil, dos meus alunos e meus amigos, eu acho aqui muito
diferente. Na maioria das vezes que eu vi, ou alguém me contou, a menina tem
que ajuda a cozinhar e arrumar a casa, o menino pode jogar e fazer o que quiser
durante o dia, então seria que a menina
por causa dos pai não pôde
jogar tanto porque é forçada a ajudar em casa, o menino não. Eu
acho que muitas pessoas aqui no Brasil
ainda pensam assim:: “Nasceu menina? Então pode ajudar na casa!
Daqui a pouco blá blá blá ” E quando é menino “Ah vai comprar o PS 4”. Eu acho
esse pensamento muito forte aqui no Brasil.
MARIA LUIZA: E outra relação que o Videogame
teve na minha vida é que moldou meus gostos. Se eu nunca tivesse jogado, eu
nunca teria me interessado, eu jogo LoL, talvez eu nunca teria me interessado
por anime, nunca teria ido em evento,
nunca feito cosplay, então...
acho que é um coisa muito presente pra mim.
BIA CHUN-LI: E assim, pra ser bem sincera, a única situação era com as pessoas de fora,
do tipo, eu era zoada na rua, gostar
dessas coisas, eram pessoas que não gostavam do que eu gostava, eram gostos
distintos. A principal diferença era de gente fora do meio, do que as pessoas
que faziam parte, sabe?
MARIA LUIZA:
Sim, coisas desse tipo acontecem muito! Não sei se você jogam LoL., eu
jogo bastante e às vezes eu tenho que me passar por homem, escrever as coisas
no masculino porque (RISOS) as pessoas, elas simples, “ah, ela é menina, por
isso ela tá support” e mesmo ela estando support, ela joga mal, ela nem deveria
tá aqui” que eu realmente tive mais
impacto na adolescência com a internet, com os jogos online.
Taís Azevedo |
RODRIGO: Bom gente, vocês tocaram num ponto que eu mesmo já queria começar
perguntar. Nesta relação, vocês com o mundo exterior, já sentiram algum tipo de constrangimento ou
assédio neste universo dos jogos, nos jogos online, no fliperama, ou talvez até
mesmo numa festa em que as pessoas vão jogar um jogo em comum?
Contem pra mim sobre isso.
BIA CHUN-LI: Claro também, como eu era praticamente uma rata de fliper, geralmente, volta e meia à vezes, aparecia um idiota querendo curtir com a minha cara, e que às vezes acabava saindo literalmente furioso, porque tinha perdido pra uma garota, e o pessoal que me conhecia acabava caindo na gargalhada com isso.
TAÍS AZEVEDO:
Quanto a jogos online, não posso falar muito, porque nunca joguei,
quando jogava não mexia no chat, não conversava, nem colocava fone de ouvido
nem nada, e onde eu vi mais esse tipo de ataque, eram em fórums e grupos de discussão
porque eu participo de alguns mais em
relação animes do que jogos, e quando a gente fala, não só eu como outras
meninas do grupo, infelizmente, nós somos a minoria, infelizmente, nós temos
que ouvir que nós estamos mentindo, estamos inventando, que tá querendo chamar
a atenção, tá procurando um “escravo” na internet, coisa do gênero, e só acho
que só, mais em grupo de discussão mesmo, parece que não pode, uma menina
gostar de anime e consequentemente jogar
o jogo desse anime.
BIA CHUN-LI: Assim, como eu era uma rata de
fliperama, como disse, eu tinha alguns garotos que já vinham com aquele papo de
“Ai, menina não joga!” E tinha já aqueles que tipo: “Caraca, bacana! Ela joga, poxa! Legal!” Assim, eu falo que algumas porcarias, - pra não dizer outra coisa, - que algumas meninas dizem online, eu cheguei ouvir no “Off” e
eu retrucava, inclusive eu lembro até de uma vez que um menino foi um tanto
abusado, e ele levou foi um tapa na cara meu, (Risos) e além disso, só que assim,
no meu caso, não foi só de alguns garotos, eu também sofria muito por parte das
garotas, porque eu era a esquisita, eu era a moleca, eu era estranha, e deveria
gostar de coisas de menina, e não ficar
gostando de coisa de menino, e ficar
andando com os rapazes.
Tanto que até eu devido estes meus gostos, eu assim
quando era mais nova, eu quase não tinha amigas. Porque eram poucas aquelas que respeitavam o
fato que EU gostava de jogar videogame. E eu ainda falo que no meu caso, além disso, não era só o jogo, ainda tinha o fato que eu curtia
anime, mangá, quadrinho, RPG, então eu era muito que meio a esquisita, sabe
assim, da turma. (Risos) E como eu relatei, na minha rua, onde eu morava às
vezes juntava um grupo de rapazes e meninas que ficavam simplesmente me zoando, que era coisa de
menino e eu deveria é ficar mais feminina.
FIONA: Eu em geral, não sofri algum assédio,
de jogos não. Porque eu não jogo online,
sempre quando eu jogo é no meu quarto, na minha, com pessoas que estão perto de
mim, Mas eu lembro quando eu tinha, sei lá, 11 anos, um amigo do meu irmão veio
jogar na casa, e eu joguei com ele uma partida. Os dois personagems trabalham
junto. Eu não joguei muito bem, porque não joguei muito, OS 2, 3, não lembro.
Ele me xingou muito! Porque perdemos, obviamente, ele até falou que ia me
matar, Então eu fiquei longe dele.
BIA CHUN-LI: Agora sim, quanto ao Online, eu
quase não jogo o Online, então não tenho nem muito o que falar. Mas eu não vou
falar assim que eu não já encontrei um ou outro idiota, que literalmente mandei
ele ir pastar, mas também eu lembro de situações engraçadas que eu já vi assim, quando fica eu e meu marido
conversando, a gente até rindo, essas ultimas não tem a ver com
assédio ou com constrangimento, então assim, são situações engraçadas mesmo.
TAÍS AZEVEDO: isso que a Bia falou é bem real,
quando eu era criança, quando eu era adolescente, a amizade com meninas era
praticamente impossível, e eu não via
muitos meninos dizendo que eu tava no meio de outro porque eu tava querendo
segundas intenções, mas de meninas sim, ouvi muito. A partir do momento que eu cheguei ao 10 anos
de idade até terminar a época de escola, eu praticamente não tive amigas
meninas, porque todas diziam que eu era a esquisita eu era a estranha, porque
“o que ela tava fazendo no meio daquele monte de garoto, falando de futebol,
falando de videogame, falando de anime,
e esse preconceito é bem complicado.
BIA CHUN-LI: Assim, até no caso, ouvindo a Taís, eu me lembrei até de uma situação dentro de um grupo de Street
Fighter, em que um cara foi querer tirar uma com a minha cara, só
que, tipo, o pessoal do grupo, mesmo muitos ali não sendo meus
amigos, mas já me conheciam, então
cara, ele foi praticamente detonado. Por
todo mundo (Risos) É foda! Até peço perdão pelo palavrão, mas tem gente que se
aproveita do anonimato, que a Internet
permite, pra ficar falando bosta.
No
caso, assim, esse tipo de coisa, sobre essa parte do assédio etc. eu vejo isso
eu vejo como a ponta do iceberg para um problema muito maior, às vezes eu
conversando com pessoas próximas já detectam uma espécie de stress no ambiente
online, isso incluindo homens, isso dentro do jogo. Eu vejo no Online tem uma
minoria de Trolls que estão ali querendo estragar seu dia. Eu vejo que o buraco é mais embaixo, e no
caso das mulheres ainda temos que ouvir aquelas besteiras machistas.
Maria Luiza |
RODRIGO:
Bom, gente. Eu sei que a Entrevista tá se estendendo mas surgiram coisas
até bem interessantes pra se discutir. Uma delas que eu queria perguntar, justamente esse fato das mulheres, das moças, das garotas serem
minoria nesse mundo dos videogames, Eu queria perguntar do ponto de
vista de vocês, porque existem menos mulheres jogando videogame e mais homens
jogando. O que vocês acha?
MARIA LUIZA: Então, na questão, na infância foi só este relato, em teve até um tempo ainda que que ouvia: “Olha, você joga? Nossa! Não esperava isso e tal” Hoje em dia, isso tá bem normal, né?" Hoje as pessoas não se surpreendem com isso. Bem mais normal. Mas no jogo online é uma coisa bem tóxica, é tipo assim, eu jogo LOL, como eu já citei, boa parte dos meninos sabendo que você é menina, eles vão te menosprezar por causa disso. Coisa tipo: “Você não deveria estar aqui”, ainda mais você jogando mid. que não é um suporte, eles vão falar assim ”menina tem que jogar support, menina não vai mid. Enfim, muitas coisas, dentre elas, tem assim: “Nossa, você é menina, que legal! Você joga! Eu sempre quis namorar uma menina que joga”. E a pessoa começa a dar em cima de você sem você nem dar trela! Aí você fica “Nossa! Tá bom!” mas você já esclarece as coisas, você é bem clara. E quando você começa a recusar, ele começa a se tornar agressivo com você. Mas só porque é menina, você acha que pode tudo, que você pode ignorar. "Você só queria ficar me fazendo escravo". Em momento nenhum eu pedi pra ele falar comigo, nem ao menos isso. Enfim, é uma coisa bem até delicada, porém muito, tóxica. Mas assim, não é insuportável. Porque se tornando algo insuportável, eu acho que é porque há um problema. Muito maior que só eles. Porque eu sou capaz de suportar isso. Não chega a ser insuportável. Nós somos capazes de suportar isso. E nós somos capazes de mudar.
FIONA:
Eu acho que é por papeis de gênero, que antigamente, muitas pessoas achavam
que videogame era coisa de menino, então
deu a menina fazer outro tipo de coisa.
Eu acho que isto está mudando lentamente, o pensamento das pessoas assim, de
papeis de Gênero estão mudando lentamente,
então acho que por isso, são mais meninos e homens, que mulheres.
TAÍS AZEVEDO: Eu
acho que isso começa desde pequeno pelo motivo que a Fiona disse lá em cima,
que a menina a partir de uma determinada idade, ela já tem que ajudar em casa a
fazer os afazeres domésticos. E com
meninos é que não se vê muito
disso. Então, enquanto a menina está
lavando a louça, o menino está upando. (Risos) infelizmente! E depois quando a menina desenvolve que ela
começa a ficar mais mulher, começa
o sexismo de ver que a menina tá
entrando num lugar de homens pra arrumar
namorado, pra chamar atenção, pra
ser a gostosona do local. Então, isto
afasta um pouco a menina que não quer ser taxada desse tipo de coisa, né? E depois, a mulher está comprovadamente
que ela trabalha mais, porque quando ela
chega do trabalho, ela tem que limpar a casa, lavar roupa e tal,
e eu acho que o tempo pra jogar
fica bem reduzido. Pras mulheres em
relação aos homens.
FIONA: O que a Taís, falou, ela só entra lá pra arrumar namorado, eu acho isso, é muito verdade, eu que isso se mostra na reação quando você fala que gosta de jogos, pode ser outras coisas também, que é mais geral, geral por gostar mais o Homem, o menino. Eu acho que isso pode ver muito fácil, quando você: ah, eu gosto de jogos. Aí começam a perguntar: "Ah Quais jogos você gosta? Quais são os nomes dos jogos que você gostam? Você sabe isso? Sabe isso?" Eles querem uma comprovação que você realmente gosta disso. Eu acho isso muito chato.
BIA CHUN-LI: Acredito eu que seja até porque assim o mesmo que a Fiona falou. Que assim, sem contar que vamos assim falar a nível de Brasil, que ainda tem muito essa coisa de “Ai, é menina” “ Só tem que ajeitar a casa, etc. pá pá pá” enquanto que o menino pode fazer tudo. E não, é uma coisa que até eu falava pro meu irmão que ficava de graça, que eu falei: “olha você tem duas mãos, tem dois pés, que são bem saudáveis... então, não cai a mão você querer fazer alguma coisa". Então assim, eu acredito que é mais por conta disso. Claro assim, tem aquelas famílias, que mesmo quando tem um pouco essa pressão, não ligam à vezes já da menina jogar , tenha caso algum hobby, jogar etc, ter assim alguma liberdade pra isso, mas tem aquele pessoal que é mais tacanho que a gente, sabe como é, né...
RODRIGO: Pessoal, aproveitando também a deixa
que a Bianca deixou: tinha mencionado a
Chun-Li como personagem musa
inspiradora, eu queria fazer uma
pergunta, se há algum modelo de personagem, que
foi programada, logicamente, do mundo
dos jogos, que vocês veem alguma espécie
de representatividade feminina.
Existem aquelas diversas personagens
femininas que atendem uma demanda
masculina. Eu queria saber de vocês se existem personagens femininas que as
jogadoras se sentem representadas.
TAÍS AZEVEDO: Em jogos antigos, talvez não tenha isso muito latente, porque, por questão de programação, personagens não eram muito bem desenvolvidas, né, a gente tinha que aceitar o que tava escrito, na introdução do jogo, e ali estava falando sobre a personalidade dele, e hoje como os jogos estão mais complexos, já podemos ver mais isso, como exemplo que eu tenha dito antes, tem a Max de Life Strange, que ela não tá usando roupas sumárias, que ela é a personagem principal do jogo, nós decididmos o que ela vai fazer da vida dela e se ela vai beijar ou não o menino, se ela vai beijar ou não a amiga, então seria uma personagem ideal pra ser uma representante feminina de um jogo.
BIA CHUN-LI: Bem assim, falando de uma maneira em geral, eu acredito que qualquer
pessoa possa gostar, possa ter digamos assim a sua musa, sua ídola, dentro do jogo, mesmo digamos, mesmo que seja aquele tipo de personagem,
teoricamente chame a atenção do público masculino, assim a Chun-Li no meu caso,
eu vejo ela como uma mulher forte, determinada,
entre outras coisas que me
fizeram identificar com ela , porém eu assim
nem vejo essa identificação que
eu tenho com a Chun-Li, na personagem
Morrigan que digamos que a Chun-Li de
certo modo seria até comportada (Risos) digamos, assim, a Morrigan é aquela
coisa completamente Female Fatal. Então
assim, acredito que quando um personagem tem carisma, e até
principalmente surja mais nos jogos atuais,
ele é bem melhor desenvolvido, eu acho que ele pode cativar, qualquer
pessoa, e isso inclusive, independe do sexo, gênero dele. Um personagem que eu
gosto muito, apaixonada, mas que eu vejo nele pouco é o próprio Ryu. E olha que
ele é um Homem (Risos).
MARIA LUIZA: Eu acho que Max representa muito
bem! Porque ela escolhe o que ela vai fazer. A gente escolhe as escolhas da
Max, né? Mas isso também se deve porque o jogo é um jogo de você e ir lá
escolher, né?
RODRIGO: Estamos terminando a entrevista. Mas eu gostaria de fazer uma
ultima pergunta. O que poderia ser feito pra que nós tivéssemos mais jogadoras
e um clima maior de igualdade entre jogadores e jogadoras..
MARIA LUIZA: Eu queria falar pras meninas que jogam online: vocês não precisam se esconder, eu aprendi recentemente. Você não pode ser acuada nesse meio, Enquanto a gente só se esconder, nada vai mudar. Respondam a altura. Não que vocês devem ser ofensivas, responda com calma e com clareza, se a pessoa não entender, paciência. Mas não se escondam! É a pior coisa a se fazer.
BIANCA: Primeiro eu queria agradecer pela oportunidade, pelo convite, eu fico feliz. Se for deixar alguma mensagem, se alguma garota ouvir isso, e ouvir alguma besteira de alguma garota ou garoto, e essa pessoa querer mudá-la algum comportamento que ela não aceite como correto, que ela mande a pessoa pastar, e continue jogando! Se alguém vai gostar de você, não vai ser porque ela joga ou não. E os rapazes, se ouvir alguma besteira de um rapaz, puxa mesmo a orelha dele, porque eu até disse, vamos tornar esse ambiente dos jogos, algo melhor, seja pro cara que tá jogando, seja a garota, eu acho que é isso! (Risos)
TAÍS AZEVEDO: Eu também quero agradecer o convite, adorei. E como a Bia falou, a gente que se respeitar mais. A mulher tem que respeitar a outra mulher, o homem tem que respeitar a mulher, o homem tem que respeitar o outro homem, a mulher tem que respeitar o homem. Ninguém tem nada a ver com nossas escolhas, ou qualquer coisa do gênero. A gente não tem que mudar por causa dos outros. Respeito acima de tudo.
MARIA LUIZA: Agradecer, eu não agradeci. Educação impera! (Risos) Perdão. Agradeço muito também o convite. É a primeira vez que faço na minha vida. Por mais que tenha outras entrevistas sobre mulheres jogando, é sempre importante ter mais de um ponto de vista, eu gostei. Espero que renda frutos (risos) Obrigada!
FIONA: Eu tenho nada pra adicionar, já falaram tudo! Joguem, sejam felizes, e obrigado. Tchau!
RODRIGO: Encerramos aqui a Entrevista. Agradeço a todas vocês, esperamos a próxima vez. Muito obrigado.
Bela entrevistas kra eu curti cada umas das mulheres aqui entrevistadas conheço poucas que jogam videogame. Gostaria de ver mais mulheres nesse meio dos videogames para ter uma boa interação e discussão saudável sobre games e tal.
ResponderExcluirEspero ver mais post sobre isso por aqui seria bem interessante e legal Devaneio.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirValeu mesmo! Muito bom ver os rapazes curtindo o papo delas! "Discussão saudável" isso aê! Quem sabe não é falando mais, que teremos mais Girl Gamers?! Vai ter mais sim, Rock! Acompanhe a gente!
ExcluirAbraços
Adorei, parabéns pela entrevista! Parabéns a todas que participaram!
ResponderExcluirMuito obrigado, Jaqueline!
ExcluirElas merecem! E aguardem as próximas entrevistas! Espero você lá!