Páginas

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Resume Game: O Fim do Retrogame?


Entre os anos de 2009 e 2012 eu fui um retrogamer ativo. Muitos foram os motivos para essa fase da minha vida ter aflorado àquela época. Um desses motivos foi o fato de ter passado vários (e vários) anos afastado de uma tela de game over. Foi somente no final daquele saudoso ano que eu conheci sites como o Gagá Games, Shugames, Cosmic Effect, Retroplayers, QG Master (olha o jabá, pessoal! ^_^). Foi a época em que calcei minha empoeirada armadura e vasculhei calabouços com Secret of Mana, Final Fantasy VI; me armei com bombas e cruzei labirintos em Super Bomberman 3, Super Bomberman 4 - isso pra ficar apenas no Super Nintendo.

Era bons tempos. Depois, muitos blogs descobertos e recém-surgidos se juntaram a minha aba de favoritos e a cada final de semana eu tinha sempre uma lista de 5 a 10 matérias do meu interesse em algum desses (hoje saudosos) endereços. Ah, e ainda tinha YouTube, videocast, podcast, revistas.


O tempo passou e até eu que vos falo (escrevo) criei um blog. Depois veio outro, e mais desafios até que, até que... O que aconteceu mesmo? Eu decidi decapitar o meu Na Praia4 e um tempo depois, com a chegada de novas responsabilidades em minha vida, o GBC teve o mesmo destino (sendo que nunca fiz um post de despedida, apenas parei de atualizar o blog). Conclui que era hora de juntar forças. A internet (ou retrosfera como muitos chamam) caminhava para um enxugamento. Era fácil de perceber. Havia muito gente falando da mesma coisa. Apesar de no fundo eu nunca me afastar de vez dos jogos da geração 8/16 bits, hoje sou um resenhista/blogueiro/retrogamer menos atuante – a cúpula do QG até ameaçou cortar meu ponto caso eu não respondesse aos e-mails, hehe.


Mas aí, quando ninguém esperava. Ninguém! O Gagá em ossos e pele, dinamitou o Gagá Games. Dinamitou em termos, já que todo o conteúdo permanece lá para quem quiser passar horas se divertindo com seus textos ou acompanhando os dossiês inacabados das franquias megabogas que todo mundo conhece. Esse momento, foi um banho de água fria. Não só para mim, mas para muitos. Desse ponto em diante, é consenso que muitos retroblogs pararam de azeitar a máquina.

Até mesmo o nosso General Léo S. (fundador do QG Master) pendurou o joystick e arrumou as malas para curtir a velhice a bordo de um cruzeiro pelo Mediterrâneo.

Analisando de outra forma, nosso amigo Gagá foi o mais sensato dos seres humanos ao afirmar que: por mais que ele vista o pijama e usa a bengala de um retrogamer, ele é de corpo, alma e coração, um gamer. E muitos de nós, no afã (linda palavra não?) de reviver os tempos de infância, nossas amizades; esquecemos que a indústria não parou e que há muita coisa boa para se jogar. Esse desejo, essa necessidade do antigo, tornou alguns excelentes blogueiros/leitores rápidos em criticar remakes, odiar novas franquias e se recusar terminantemente a experimentar qualquer novo FPS - e falo isso com autoridade pois já passei por um período assim.

Apenas atento para o fato que: muitos retroblogs se foram. E muitos retrogamers também. Muita gente boa surgiu e desapareceu sem deixar rastro ou nos dar tempo de anotar a password. Da noite para o dia, acordamos órfãos de muitas lembranças de um tempo que não volta mais. Seria esse o fim?

Não, eu creio que não. Talvez, apenas um novo começo. Concluo após conversas por email com amigos, que muitos resolveram, como Link, pegar sua Master Sword e encarar um mundo cheio de perigos e descobertas com o wiimote na mão. Resolveram abraçar novidades e encontraram a alegria em games novos. 

Pena que nem todos são assim.


Há ainda aqueles que dizem que apenas o que é antigo tem valor e é bom, ignoram Megaman 9, um bom WarioWare ou mesmo o relançamento HD de algum clássico do PS2. Com isso perdem, pois acham que nada vai substituir o passado de suas lembranças. E eu apenas digo "sim, vocês estão certos, nada irá substituir". Mas aqui é um jogo, e não se trata de substituir um experiência por outra e sim acrescentar, somar, ganhar. É hora de passar de fase.

O passado com certeza foi bom. Mas ele é apenas isso: passado. Falamos sobre games antigos, escrevemos, jogamos e nos viramos pelo avesso para transmitir um pouco daquela sensação boa dos tempos de criança para quem lê o nosso espaço. E ainda sim, curtindo novos jogos e relembrando velhos clássicos, somos todos jogadores.

Um abraço e bom feriado!

19 comentários:

  1. Muito bom Marcel, me fez refletir. =D

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Chefe! Quanto tempo! Manda um pôster pra gente aí da Grécia!
      Um abraço!

      Excluir
  2. Bom post, eu ainda to na ativa, mas não nego que tem coisa boa.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Brigado Dev! Eu penso que videogame tem que divertir, se o jogo tem duas ou 16 milhões de cores isso é um mero detalhe para mim.

      Um abraço e semana que vem tô pintando de novo aqui no QG!

      Excluir
    2. E ai Marcel beleza kra estou de acordo contigo viu e assino em baixou pois tem muitos jogos dessa atual geração que merecem ser visto e jogados.Pois eu jogo tantos jogos antigos e novos dessa geração também recentemente zerei o Valis 2 de pc engine e curti pra caramba e comecei a jogar o Diablo 3 ps3 e to curtindo muito.Não temos que só viver dos jogos do passado tem muita coisa boa ai saindo de ambas plataformas sou umas das pessoas que sempre comentava no seu blog e agora já sei o por que do seu sumiço.Mas é isso ai kra bola pra frente e curta muita essas nova geração de jogos beleza.

      Excluir
    3. E aí Rock, beleza? Pois é cara, o Resume é um espaço mais conversa e uma troca de ideias. Justamente trocando ideias com alguns conhecidos que curtem emulação de 8 a 64-bits, percebi que a galera se divide com jogos novos.

      Eu sou muito um reflexo disso. Estou conhecendo muita coisa bacana do passado e ao mesmo tempo acompanho E3 e lançamento de jogos para android. Sei que não vou jogar tudo, mas graças à quantidade de informações que a internet me fornece posso ser mais "seletivo" quanto ao quê jogar.

      Um abraço e acompanhe a gente no QG!

      Excluir
  3. Marcel que post maravilhoso! Cara compartilho demais com a sua visão. Da mesma forma que você descreveu, eu também fui um dos velhos ranzinzas que cuspia aos 4 ventos que jogo bom mesmo é dos 16-bits pra baixo etc etc e etc...

    Mas se tem uma das coisas que mais curti gastar meu suado dinheiro recentemente foi no meu PS3 que veio com um ano de assinatura da Plus americana. Antes eu odiava a Sony e hoje sou muito fã da estratégia de jogos gratuitos pela Plus, tanto que renovei esse ano a assinatura e pretendo renovar sempre. E não é só isso, tem muito jogo legal nas plataformas recentes. Remakes de clássicos, Indies, jogos poligonais, novos RPGs e até FPS tô curtindo, quem diria! A Sony mesmo produz alguns jogos bem interessantes, um exemplo disso é o Puppeteer que é de cair o queixo!

    É como você falou, nada nessa nova leva de games vai substituir os clássicos do nosso querido Master, mas isso não pode nos impedir de curtir novas experiências que só os games novos proporcionam. E não se trata apenas de gráficos não, tem muito jogo bom! Aliás tenho que admitir que os jogos novos estão cada vez mais atraentes para mim, tenho deixado de erguer a bandeira retrogamer há algum tempo rsrsrs

    Abraços e parabéns pelo post!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fala Adinan, beleza? Obrigado pelo elogio!

      Também passei por um período ranzinza. Foi só meu afilhado esquecer durante um fim de semana o PSP com God of War aqui em casa que eu comecei a mudar de ideia. Depois comprei um DS Lite, comprei um tablet, enfim; me divertia tanto com games antigos como com novidades - e esse foi um dos motivos para me afastar do blog.

      Jamais deixarei de amar o Master. "Master System" e "infância" são sinônimos em minha vida.

      Um abraço!

      Excluir
  4. Digo mais, Marcel. Nós sempre fazemos uma "balança". Parece que para defendermos o velho, temos de negar o novo. E vice-versa. Gosto dos novos, um ou outro, acho que a tendência das coisas é realmente inovar. Estou aberto ao novo, meio seletivo, é verdade. Mas nunca nego minha bandeira retrogamer! Não é só a experiência pessoal, eu comecei a gostar de clássicos que não joguei nem conheci, hoje. O membros do QG acredito sim, que devemos experimentar e até - por que não? - divulgar as novidades merecedoras de destaque, - eu curti o Megaman 9 demais - mas não fechei o escritório. Estou ainda divulgando o que não pode ser esquecido. Palavras de um historiador e sociólogo! rss

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nossa Dev, acho que estamos vivendo a mesma fase. Estou nessa de buscar aqueles clássicos que eu não tive chance de jogar e divulgar (semana que vem tem review aqui no QG). Mas nem por isso parei de me atualizar. Estou de olho num PS3, mas ainda quero adiar a compra mais um pouco (minha preparação para concurso público ainda é prioridade).

      Um abração!

      Excluir
    2. Também acho que é cíclico, iguais as redes sociais, TEM QUE TER um declínio uma hora, e se foi bom, alguém bota de novo em funcionamento, e volta outra onda. Eu cheguei a entrar na era retro dos games, depois de uma forte onda retro da música, por exemplo, ouve duas ondas oitentistas nesses trinta e poucos anos, até os Beatles que pareciam esquecidos, voltaram a ser bem ouvidos depois de certo tempo. Aliás, no meio acadêmico já rolou uma certa teoria de" fim da História" nos EUA, assim que rolou a Rússia de volta nos jornais, já perceberam que a História não acabou...

      Excluir
  5. A vantagem de sermos retrogamers é justamente essa de poder curtir tanto jogos antigos como os novos. Ainda vejo muito garoto torcendo o nariz pra Os 8-bits, e eles não sabem o que estão perdendo!

    Tem uma magia que não permite que eu abandone os jogos antigos, tanto que recentemente eu desbloqueei meu Wii para rodar emuladores nele, mas os jogos mais novos estão bem empolgantes e me fazem entender que evoluir é preciso para se obter novas experiências. Por isso já não ergo a bandeira retrogamer com a mesma paixão de antes, mas ainda sou um retrogamer que curte caçar jogos que não pude apreciar na época, em especial os RPGs que não pude curtir devido a barreira do idioma.

    Abraços! :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade, Adinan. Vivemos a cultura de descartar o passado, mas ele tem muito a nos ensinar e, no caso dos jogos, pode nos divertir muito. Não quer dizer que não exista coisa boa sendo produzida hoje.

      Excluir
  6. Maravilha, Marcel, muito bom!

    É por aí mesmo, cara, videogame é tudo bom: velho, novo, não tem essa. É claro que com o passar do tempo, nós, que somos velhacos cheios de bagagem, temos cada vez mais dificuldade em encontrar algo que nos surpreenda. Mas olha, volta e meia... hmmm, esse Child of Light aqui no meu Wii U tá arrepiando geral.

    Nos meus consoles (3DS e Wii U) sempre tem muita coisa velha por meio do Virtual Console, mas a velharia tá toda misturada com a garotada: tem Wonderful 101, F-Zero, Mario 3D World, Super Mario RPG... a gente nem faz mais distinção do que é novo e o que é velho.

    A retrosfera baixou a bola porque essas coisas são cíclicas. Surge uma turminha animada em falar sobre um assunto, aí a coisa vai crescendo, atinge o auge da awesomeness (existe essa palavra?) e depois as coisas ficam mais devagar. É normal. Agora eu tô é na expectativa pela geração que cresceu jogando Playstation 2, será que eles vão ser os responsáveis pelo próximo boom do retrogaming na internet? Vamos ficar de olho nessa "criançada"!

    Mas como retrogaming não é só nostalgia, mas também descoberta... posso deixar uma dica? Peguei no chute outro dia o "Defenders of Oasis" de Game Gear no virtual console do 3DS. O jogo é uma lindeza, um joia perdida no escasso catálogo de RPGs do Game Gear. Ótimos gráficos, com ceninhas bacanudas e parcialmente animadas, excelente trilha sonora, sistema de combate nota dez e personagens bem mais interessantes que a média da época. Eu recomendo!

    Abração, meu velho! Vê se aparece! ^_^

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olha só quem aparece por aqui! Seja bem-vindo de volta amigão.

      Pois é, as coisas esfriaram mas não quer dizer que a paixão acabou. Pelo contrário. Acho que o enxugamento da retrosfera teve seu lado positivo. E na minha opinião (e tiro isso por mim), todo aquela forte vibe retrô que rolou alguns anos atrás fez muita gente se apaixonar novamente por games, fossem novos ou antigos.

      Game Gear? Hum... #passadinha_no_YouTube

      Hum... Joguinho interessante, o sistema de batalha dele lembra um pouco Phantasy S... ah! Saquei!
      Boa indicação amigo!

      Um abraço e apareça sempre!

      Excluir
  7. Fala Marcel, beleza?

    Eu sinto falta daqueles tempos do boom, talvez pela a discussões sobre o Battletoads que rolava no twitter de vez em quando, hahaha! Não que eu seja barraqueiro, longe de mim, hahaha

    Eu sempre enxerguei nos games clássicos, uma forma de resgatar aqueles momentos gostosos da infância e preencher vontades que tinha a época.

    Lembro até hoje a minha felicidade ao emular o Game Boy Color pela primeira vez, hahaha! Eu sempre desejei ter um GBC, mas meu velho nunca pode comprar, então sempre que emulo ele, me vem à mente aquele gordinho deitado no chão babando em cima da seção de vendas das revistas de games da época, ansioso por um GBC.

    Claro, ele não é o meu favorito, mas como me divirto descobrindo os games dele.

    Bem, mas a onda passou e deixou grandes amigos que compartilham da mesma paixão por games, de forma geral.

    Pow, seu texto ficou maravilhoso mano =)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E aí Diogo, beleza? Obrigado pelo elogio.

      Nossa, como eu sinto saudades do Boom da retrosfera. Era tanta coisa saindo ao mesmo tempo que a gente ficava meio perdido. E compartilho do mesmo sentimento a respeito do Game Boy (não por acaso eu criei o blog GameBoyClassics). Eu babava em cima das revistas e tinha certeza que portátil arrebentava com seus joguinhos. Emular só comprovou o que eu imaginava.

      Um abraço!

      Excluir
  8. É assim mesmo, Marcel. Uma hora a gente acaba abrindo mão e encarando as novidades. E vejo que tem acontecido com todos.
    O legal é que, com a entrada da nova geração, muitos dos retrogamers mais, digamos, xiitas parecem ter voltado a bronca deles pra ela, deixando PS3, X360 e Wii de fora dessa birra toda e começaram a explorar isso. Não é o caso de ninguém destes blogs que vc citou, acho que todos eles queriam era experimentar as novidades mesmo.
    Eu ultimamente tenho dificuldade pra encarar jogos do passado, não sei pq. Ao mesmo tempo, quando encaro um jogo com "espírito retrô", mesmo ele sendo novo, fico bastante empolgado!
    Mas resumindo o que vc falou, quem se limita é que sai perdendo. É exatamente isso mesmo, não querem reconhecer o valor das gerações mais recentes, quem tá perdendo é quem pensa dessa maneira. Uma hora as pessoas abrem os olhos.
    Ótimo texto!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Brigado Gamer, sua opinião é muito importante para mim.

      Também passei por um momento em que não queria ouvir falar em jogos retrô, mas durou apenas alguns segundos, hehe. Eu costumo jogar de tudo e sei que tem muita coisa boa para me divertir ainda. Nesse momento estou jogando um game de NES divertido pacas chamado Adventures of Lolo que conheci por meio do Retroplayers e as vezes me pego olhando para meu tablet com dois jogos encostados.

      Por isso, adotei uma regra: só começo um jogo após terminar outro. É difícil, eu sempre tento fugir a regra, mas no fundo quem ganha sou eu.

      Se eu fosse um carinha fechado no retrô, jamais jogaria um Plants vs Zombies ou God of War - duas franquias que eu acho fantásticas.

      Um abraço e até mais!

      Excluir