Por Douglas Deiró
Nos
tempos mágicos do videogame (pelo menos, considero assim, o período entre
meados dos anos 80 e início dos 90), a criatividade tinha que ser usada, não
apenas para bolar o jogo mas, drilhar as limitações técnicas da tecnologia
vigente. Lembro que, certas questões, começavam a me intrigar. Algumas destas, ainda
me pego pensando a respeito.
Fico
imaginando como eram as reuniões, que definiam, quais games seriam feitos, como
e quantas pessoas estavam envolvidas no processo, etc, etc, e etc. Hoje, sei que
as memórias eram super caras, e isto, era levado em conta nos projetos. Por
vezes, acabavam tendo “cortes drásticos”, para caberem, dentro da quantidade de
megabits de um cartucho.
Como
as compras de compomentes eletrônicos em escala industrial, são feitas, em
lotes grandes, deduzo, que as encomendas fossem feitas em quantidades
específicas. Exemplo: em números puramente hipotéticos, suponhamos, que a Sega
comprava 500 mil “chips” memória com 4 Megas, 300 mil de 2 Megas e 100 mil de 1 Mega (aqui, pode ser o cartucho já motando, virgem e pronto para
ser gravado... o raciocínio prevalesce). Com base na quantidade disponível em
estoque, designavam àquela equipe de programadores, o game que se encaixaria
melhor dentro deste limite de dados. Bom, como o foco do texto não é exatamente
este, deixarei, este “exercício especulativo” para o futuro.
Voltando
ao ponto...
No
passado, minhas dúvidas, eram mais simples. Como era um menino, as noções que
tinha sobre o tema eram bem rústicas, tendo somente, as revistas como fonte.
Aliada à TV, com sua programação infantil (cheia de desenhos bacanas e propagandas
de brinquedos maravilhosas), fatalmente, víamos algum produto que se
relacionava com os jogos eletrônicos. E neste ambiente tão favorável, não
demorou muito, para fazer associações e me vir a seguinte pergunta: “Por quê, a
Sega não fez, um jogo de pistola baseado em Zillion?”.
Naquela
época, era fácil pensar: “A pistola é da Sega, depois fizeram um desenho com
ela. A Sega lança o Master System e, a Light Phaser, é a Zillion. Cadê o jogo
de pistola, oras?!”. Anos depois, soube que a produtora Tatsunoko Productions
teve alguns problemas com Sega e, os trabalhos, foram cancelados. Tanto é que,
foi feito um especial depois onde, os protagonistas eram os mesmos mas, todas
as referências à arma foram omitidas. Isto, pode ter freado planos de outro
game, no estilo, que queria tanto que existisse.
Mas,
há outros possíveis fatores que, a meu ver, pesaram mais. O Sega Mark 3 (o
Master no Japão) não foi sucesso comercial e, investir mais nele, para quê? Assim,
partiram logo para o desenvolvimento do Mega Drive e, o resto, é história.
Entretanto, no período que o desenho estava no ar, o 8 bits da Sega, era o
atual console da empresa e recebeu dois jogos baseados nele. Então, eis o “X da
Questão”. Se o anime era baseado na pistola, logo, um game que usasse o
períférico (cuja aparência era igual), deve ter sido cogitado... seria um pensamento
bem óbvio. Eu era criança e pensei nisto e, “Os Caras da Sega”, não?
Se
tal especulação de minha parte tiver fundo de verdade, era para ter sido feito no
embalo dos outros dois, aproveitando, o “hype” do programa de TV. Vou mais
além, penso que deveria ter sido o primeiro à ser realizado, dada a “obviedade”
da coisa toda.
Pois
é, amigos... eu teria adorado dar tiros na tela da televisão, acertando um
monte de Nozas e me sentir o próprio JJ. Mas, este é um daqueles desejos de
criança que fica no imaginário, no “Mundo do Faz de Conta”. Sem falar, naquela
sensação gostosa, ao lembrar de um tempo mais singelo e cheio de momentos
felizes, seja jogando o saudoso Master System ou sentado na frente da TV,
assistindo Zillion numa manhã de domingo.
Até
mais e Feliz 2019!
Realmente quando ganhei o Master alguns bons anos atrás sempre associei a pistola com Zillion. Não tenho tanta certeza a pistola do master foi bem recebida na época...
ResponderExcluirSaudações!
ExcluirTudo bem?
A questão sobre os periféricos de vídeogame, é curiosa.
Desde os tempos dos Atari, eles (quase em sua totalidade) acabaram não vendendo bem. As pistolas de luz, não importa o console, nunca foram sucessos absurdos de vendas.
Podemos notar também, a biblioteca de jogos que fazem uso destes dispositivos. Elas são pequenas, basicamente, são jogos feitos na mesma época que estes foram lançados.
Acredito que, o Master System, tenha sido o console que melhor utilizou esta tecnologia... deve ter uma dúzia de games lançados. Seu concorrente direto, o NES, não deve ter nem meia dúzia deles. Mega Drive e Super NES, não são diferentes. Nas gerações mais novas, isto pouco mudou.
Mas, no caso do Master e de Zillion, sempre achei que uma mancada tal game não ter sido feito.
Abraço.
Douglas, ótimo texto!
ResponderExcluirEu quando moleque via o desenho, via o game ser lançado e pensei o mesmo. Aluguei o Zillion pela primeira vez, pensando se teria que usá-la, mas infelizmente, não... Agora, seria fantástico algum fã pegar uma engine de um jogo de tiro (Bank Panic, Dinamite Duke) e fazer modificações. Seria sonho realizado. Abraços!
Saudações, Rodrigão!
ExcluirTudo bem?
Esses dias, estava pensando sobre isto. O cenário homebrew tem feito com que, jogos novos de Master System, surjam. Mas, uma coisa não sei dizer: Qual será a complexidade de se fazer um jogo de pistola?
Não sei o quão díficil é, programar a leitura do feixe de luz da arma no pixel presente na tela. Se a engenharia é muito mais "mirabolante" comparada ao desenvolvimento de um game normal.
Sabe o que me fez questionar isto? Foi a versão de Terminator 2 - The Arcade Game. Portaram a versão de Game Gear (a tela foi "esticada") mas, não fizeram ser compatível com a Light Phaser.
Lógico que, o simples port é muito mais simples e barato de fazer... ainda mis, para um console que já estava, há muito, na "sobrevida" do mercado. Mas, que seria maneiro usar a pistola nele, seria.
Abraço!
Nunca joguei os jogos da série Zillion mas o anime é show de bola tenho em minha coleção com um ova e trilha sonora também. Os dvds que tenho são uma copia dos originais com uns esbolços de personagens e veicúlos usados no anime.
ResponderExcluirOlá!
ExcluirTudo bem, "Rock"?
Ano passado, revi Zillion depois de 30 anos e foi uma emoção grande. O tema de abertura, já deu aquela "aquecida no coração" e me transportou direto para os anos 80, época muito feliz na minha vida. A saudade bateu forte.
Quanto ao desenho em si, me surpreendeu o fato dele continuar bom em muitos aspectos. Tinha na lembrança, aquelas cenas de ação "paradas" que, com o passar do tempo (e vendo outros animes, incluindo, os da própria Tatsunko), ficou a impressão, que Zillion foi feito com baixo orçamento... mas estava enganado. Ele poupou "acetato" onde deu - como na na maioria dos desenhos - mas capricha nas partes certas. Em suma, fui preparado para dar o devido desconto, por ser uma produção antiga mas, foi bem melhor do que me lembrava.
Quanto aos jogos, joguei mais o Tri-Formation enquanto, Zillion 1, nunca apareceu na minha frente, só o conhecendo muitos anos depois, via emulação. Aí, a empolgação, já não era mais a mesma. Ainda assim, posso dizer que eles capturam o espirito do anime com perfeição... só faltou mesmo, o tal game de pistola.
Até mais!