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sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Double Dragon - Master System X Nintendo


Nos saudosos anos 80 e 90, a treta que permeava o mercado de videogames, era o da Sega contra a Nintendo. Como, até os que nem eram nascidos sabem disto e, o material que aborda o tema é farto, não entrarei em detalhes. Focarei num dos "fronts" deste campo de batalha, as versões de arcade feitas para esses consoles. O escolhido, é do primeiro game dos Irmãos Lee, que tornou o gênero dos "Briga de Rua" extremamente popular. Embora considere a versão do Master System melhor, meu intuito, não é menosprezar a do NES, que tem seus méritos. Assim, procurei destacar as diferenças entre elas. 


De cara, digo que essas versões caseiras são muito diferentes entre si, em vários aspectos. Enquanto, no Master System, temos um cenário que buscou a fidelidade ao original, no Nintendo, fizeram uma adaptação que se afastou bastante desta comparação. Dá para supôr que, quiseram dar uma driblada nos limites técnicos do console e, ao mesmo tempo, oferecer uma vida útil maior. 
Um ponto curioso que, sempre chamou minha atenção, é o fato do design dos sprites serem muito semelhantes... aliás, parecem feitos pelos mesmos artistas. As duas são de 1988 e, enquanto um diz ser "Reprogramado pela Sega" o outro é da Technos Japan Corporation e distribuido pela Tradewest. Em teoria, foram feitos no mesmo período de tempo por empresas diferentes mas, os "bonequinhos", são praticamente iguais. Parte deste mistério, foi elucidado somente, com a chegada da internet. O trabalho no Master foi terceirizado para a Arc System Works... ela mesmo, a de Gulty Gear. Hoje, a empresa é dona do espólio da antiga Technos e, de quebra, ainda soltou Double Dragon 4 em comemoração aos 30 anos da franquia, em 2017.
Então, será que a adaptação do NES, teve o dedo deles também? Não achei nada a respeito mas, arrisco dizer que sim. A própria Sega não creditou o trampo aos caras, sendo assim, o mesmo expediente, pode ter se repetido no Nintendinho. 


Começo discordando de alguns canais do You Tube, onde alegam, que a jogalidade de Double Dragon de Master é falha. Não se joga da mesma forma que em Final Fight (Capcom), portanto, não é possível "fazer fila" de inimigos, parando-os apenas com socos. Em DD, eles reagem assim que tomam o primeiro hit e, vai te exigir, uma metodologia mais cadenciada de ação. Esta particularidade, está presente, EM TODAS as versões e demais títulos da série clássica. É como jogar Mortal Kombat e migrar para Tekken, ou seja, são completamente diferentes.
Os comandos respondem de imediato e a "colisão de sprites" é precisa. Pegando a manha, dá para fazer "combos", inclusive (nada muito complexo, por ser um game antigo). O detalhe que pecaram mesmo, foi terem feito as pernas muitos curtas que, por ironia, são menores que os braços. Isto torna tais ataques difíceis de encaixar, porém, se acostumando com timing, o problema desaparece.
 Outro detalhe que, não sei dizer se foi proposital, é que dificultaram a forma como se agarra os inimigos. No original, com a sequência normal de socos ou um chute, você o "tonteia" e pode segurá-lo para aplicar as joelhadas. Aqui, será necessário enfraquecer o oponente primeiro (geralmente, depois da primeira queda ao chão) para prendê-lo, gesto, que fará automaticamente ao se aproximar dele. Já, aquela gama toda de golpes que ajudaram na fama de DD, foi bem adaptada para os controles do 8 bits da Sega. Com excessão do "salto simples" (a voadora faz este papel), todos foram incluídos. No NES, tudo o que disse sobre o Master vale mas, com um detalhe: os chutes são melhores! A perna do boneco tem o tamanho certo (olha, vejam só). 
Ainda sobre o console Nintendo, como os desenvolvedores quiseram uma versão diferentona, incluíram um sistema de experiência que, ao longo da aventura, vai liberando os golpes mais radicais dos Lees. No começo, só será capaz de dar socos e chutes e, ganhando mais corações (o medidor de XP), os demais movimentos ficam disponíveis. Uma adição curiosa que, eleva, o desafio para o jogador.


Naqueles tempos, falava algo como "basta colocar um do lado do outro" pois, a diferença é gritante. Eram títulos ideais para confrontar os potenciais de Master System e Nintendo e sepultar a discussão... geralmente, funcionava. Os "Dragões Gêmeos" não ficaram ruins no NES, entretanto, não tem muito o que comentar, se sairmos, da questão jogabilidade (neste quesito, se equivalem). 
Numa época que, a fidelidade na conversão era aspecto muito relevante, a encarnação do console da Sega leva vantagem. A arte gráfica usou cores com tonalidades mais vivas, comparadas, as frias e opacas convencionais do sistema da Nintendo. Aqui, não tinha o quê fazer e era o esperado, dada as especificações de cada aparelho. Também, há um detalhe que pode parecer bobo mas, não ter os dragões na tela de abertura, foi uma baita mancada... tinha que ter pois, era algo que a molecada "babava" de tão legal que era aquilo. A logomarca de Double Dragon, se tornou, um dos ícones da história dos videogames. 
A parte sonora segue pelo mesmo caminho, ou seja, "cada um na sua". No geral, curto mais o chip sonoro do NES (comparado ao Master) que tem umas "batidinhas de fundo" mais frenéticas e, em DD, isto se manteve. No Master, tanto com efeito FM ou sem ele, as melodias são vibrantes e ajudam à embalar a pancadaria. Só de escrever isto, as melodias, ecoam na minha cabeça. Em ambos os ports, os compositores souberam explorar as qualidades dos consoles. 
Com relação ao level design, fica difícil emparelhar os dois porque, suas propostas, são completamente distintas. Um buscou a fidelidade ao máximo, enquanto o outro, visou uma experiência nova como as sessões inteiras de plataforma no Nintendinho (escolha discutível, diria). Provavelmente, estas medidas, serviram para compensar a grave ausência do modo para dois jogadores simultâneos. Um "Alone Dragon" (desculpe-me os fãs), não dá para perdoar... perdeu-se, justamente, o que dá sentido ao nome do jogo. 
"Ah, Douglas... e o pisca-pisca frequente no Master?". Eles ocorriam bastante nos jogos do NES também, eram comuns nos 8 bits e não existia quem reclamava disto (muitos, acho, nem notavam). Aliás, vejo tais queixas, vindas dos "Especialistas do Novo Milênio" que nasceram jogando Playstation 2. Em nossa "época sofrida", jogávamos Street Fighter 2 da Yoko Soft e nos divertíamos do mesmo jeito.
O que soube sobre os famigerados "piscas", é que são uma artimanha para colocar mais sprites na tela, sem custar, o aumento na quantidade de dados. No Master há o "Modo Co-op" e, em certos momentos, exibia até cinco "hominhos" ao mesmo tempo. Para conseguir isto, os programadores deram um jeito de compartilhar a mesma "banda de dados" para os sprites, alternando, a leitura entre eles. Numa explicação rasteira, enquanto um estava na tela o outro sumia mas, como essa alternância era rápida, tudo o que enxergávamos eram os pisca-piscas. Será que, não era possível, fazer o mesmo no NES? Jogos posteriores provaram que sim, todavia, nunca saberemos como foi o processo de produção. 
Mas, se não dá para jogar com um amigo como no arcade, implementaram um "Modo B" (de "Batalha", suponho). Nele, é possivel escolher entre seis personagens e trocar bordoadas, similiar ao "Duel" do Golden Axe de Mega Drive, que a Sega fez tempos depois. Pode não ter sido o ideal e frustrou muitos jogadores mas, tal decisão, evidencia que os desenvolvedores estavam cientes e não queriam entregar um produto de baixa qualidade. A meu ver, tiveram êxito. 

OBS.: Um pensamento... devia ser difícil ter um "Co-op" em consoles 8 bits pois, vários games de sistemas diferentes, limaram tal função. A Sega mesmo, cortou isto, em quase todos os títulos que viria a produzir. 


Este texto, de certa forma, foi como revisitar aquelas discussões (por vezes, acaloradas) que tínhamos com nossos amigos nos recreios da escola. Munidos das informações das revistas, apontávamos as qualidades e defeitos de nossos jogos preferidos. 
Neste caso, já disse logo no início, qual dos Double Dragons acho melhor... trata-se de mero gosto pessoal. Aliás, os textos do QG Master são assim e, fazê-los concordar com o que afirmamos, nunca foi nossa intenção. Pelo mesmo motivo, fazer avaliação e dar notas, não faz muito sentido. Quantas vezes, você se deparou com uma cotação positiva de um game e, ao vê-lo, achou uma porcaria (ou, o contrário)? Na época das revistas mesmo, acontecia o tempo todo. 
Trouxe essa comparação, porque, ela se encaixa perfeitamente neste tema. O que torna, de fato, uma versão melhor do que a outra? Como já conhecia nos arcades, ao ganhar meu videogame e ter algo similiar em casa, fez toda a diferença. Agora, não posso desmerecer aqueles que tinham um "Phantom" e preferem o do NES, justamente, por ter conteúdo diferente. O argumento que é decisivo para mim, pode não ser para o amigo... e vida que segue. 
Antigamente, tinhamos que nos contentar com o que aparecia. Como, o acesso é tão fácil hoje, experimente os dois (se limitar, para quê? Rss!!!). 
Até mais!



4 comentários:

  1. Belo post esse sobre as comparações e diferenças de Double Dragon de ambas as empresas joguei a versão de Master System na época e de ter zerado na casa de amigos. A versão de Nes cheguei a jogar no meu Psp por emulador mas não cheguei a zerar mas pretendo jogar de novo pra ver se consigo chegar até o final dele.

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    1. Valeu, Rock... o fiel!
      Sou fã de Double Dragon e devo ter jogado quase todas as versões dele. A que mais joguei foi a de Master System, até porque, foi meu primeiro cartucho do sistema. O detonava de todas as formas possíveis, até inventando novas metas para se concluir o game.
      Com certeza, a versão Master, é um dos meus preferidos mas, a do NES, é bacana também e vale experimentar.
      Até mais!

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    2. Kkkkk sou um bom seguidor de vocês né rs. Pois acesso todo o fim de semana pra ver se tem post novo por aqui feito pelo pessoal daqui. Eu devo ser um dos poucos desde que descobri o blog que frequenta todo o fim de semana e que comenta a maioria dos post de né rs. Pois alguns blogs que eu acompanho pararam de postar ou enceraram as suas atividades como o Retro Fantasy do Sir Kao não sei se vocês chegaram a conhecer.Tem também o Shugames do Cosmão e Gagá Games do Orakio Rob e fuçando na net descobri o Cemetery Games sobre jogos retro também que por sinal esta ativo postando muita coisa boa. Mas ai enquanto vocês estiver fazendo os post por aqui eu ficarei sempre acompanhando e comentando cada um pessoal.
      Até mais pessoal!

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  2. Quanto tempo sem visitar o blog, mas aqui estou...
    Genial esse post e concordo com muita coisa, em especial o pisca-pisca e a perna menor que o braço.
    Isso não torna Double Dragon menos importante pra mim, porque foi o primeiro jogo de luta que tive o prazer de conhecer.

    Parabéns pelo post.

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