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sábado, 2 de dezembro de 2017

Entrevista: 16 Bits da Depressão



Olá amigos!
O QG tem a honra de entrevistar um grande fenômeno da Internet. Entrevistamos a Página 16 Bits da Depressão e seu criador, uma página que inovou no Facebook trabalhando humor com os games clássicos, com todo tipo de tema.

Por meio dela, vimos músicas consagradas do rock ao pagode sendo ilustradas por games clássicos como Zelda ou Prince of Persia. Percebemos que mesmos as deslumbrantes musas digitais podem ter problemas de gases. Vimos gente engraçada dançar ao som de Street Fighter. Ficamos com a imagem do Terminator se regenerando ao som do verso "preciso me refazer" do Raça Negra. Até a mais fina ironia com figuras políticas em jogos de vampiro. Percebemos detalhes minuciosos nunca vistos naquele jogo que temos há mais 20 anos.

Meu contato com o criador foi o mais agradável. Percebi na conversa uma pessoa da mais alta criatividade e uma inteligencia aguda. Me identifiquei muito com o seu relato de infância, como se conversasse com um amigo de infância nunca dantes conhecido. Vamos conhecer melhor os bastidores da 16 Bits da Deprê, venham comigo!

Encontrando o nosso cotidiano... nos games!

Rodrigo: 16 Bits da Depressão, é um prazer estar conversando com você. Sua página tem atraído gamers novos e retrogamers do Facebook nos últimos meses como uma nova sensação. Diga pra nós, como surgiu a ideia de criar uma Página de Games com Humor?

16 Bits da Depre: O prazer é todo meu, Rodrigo. A 16 Bits da Depressão surgiu de um momento de ócio. Havia um tempo vago na minha rotina e eu resolvi mesclar alguns hobbies em uma página, daí consegui unir minha paixão por jogos antigos e o humor. Haviam poucos produtores de conteúdo fazendo humor retrogamer e eu percebi que havia uma demanda pra isso nos grupos do Facebook.

Rodrigo: Realmente, a onda da paixão por games antigos dos anos 80 e 90 tornou irresistível esta sua mescla com um humor original. Pode nos contar como te marcou a experiência com games nesta época?

16 Bits da Depre: No modo geral, a minha experiência com videogames durante a infância foi um dos grandes estímulos que tive para exercitar minha criatividade e minha imaginação. Meu primeiro videogame foi o Atari, e como os jogos daquela época eram bem limitados, a imaginação tinha que complementar os pixels de modo a fazer um palitinho se tornar um herói desbravador, um ponto luminoso se tornar uma terrível nave alienígena e por aí vai.
Com a evolução das capacidades gráficas dos jogos, me restou pouco para imaginar. Acho que pode-se dizer que foi aí onde a 16 Bits da Depressão "começou". Comigo juntando recortes de revistas de videogame pra fazer montagens usando cola, tesoura e papel. Infelizmente, eu precisava sacrificar minhas queridas revistas só pra saciar a minha imaginação com os "crossovers". Recortava o Ken de uma revista, recortava o Liu Kang de outra, e ali eu tinha meu Street Fighter Vs Mortal Kombat em uma folha de papel. Ganhava uns puxões de orelha quando a mãe me via recortando as caríssimas revistas, mas valia a pena.



Rodrigo: Hahaha! Ótimo! Aí hoje isto evoluiu para as Peripécias da Página 16 Bits da Depre. Certamente as pessoas devem se perguntar como surgem aquelas fantásticas montagens de imagens e vídeos. Antes de perguntas específicas, qual sua inspiração?

16 Bits da Depre: Acho que a inspiração vem da memória sobre os tipos de conteúdos que eu consumia desde criança: quadrinhos, filmes, livros, seriados, e mais recentemente a internet. Minha mãe sempre foi muito coruja comigo, então ao invés de estar na rua soltando pipa ou jogando bola, eu estava em casa assistindo VHS do Ace Ventura e jogando Mega Drive.
Então quando eu sento para fazer uma paródia musical com jogos de videogame, eu simplesmente ouço um trecho da música em questão e isso acaba funcionando como um gatilho para que eu resgate algo que já vi ou li.

Lembrando que Game também traz cultura!
Rodrigo: Sim, o seu público vê de tudo: datas comemorativas, músicas de todas as épocas, meio ambiente, profissão, política... qual o seu tema que dá mais polêmica?

16 Bits da Depre: Sim, sim. A página acaba sendo uma página de conteúdos gerais com gráficos em 16 bits. E como abordo situações do cotidiano é inevitável entrar em questões polêmicas e que acabam causando algum tipo de conflito entre os seguidores.
As que mais  repercutem são as questões onde não há consenso de ideias na sociedade, como meu posicionamento a favor de pautas sociais, críticas ao fundamentalismo de qualquer tipo que seja ou escrachando determinadas hipocrisias.



Rodrigo: Sim, é um tempo difícil pra falar do cotidiano sem problematizar... Que tipo de ferramentas você utiliza nas produções?

16 Bits da Depre: Photoshop e Sony Vegas. Costumo fazer o máximo que posso no próprio Photoshop para tentar manter a fidelidade dos pixels, editando quadro a quadro.
No Vegas faço apenas o que não tem jeito de fazer no PS.

Tudo é referencia pra 16 Bits da Depre!

Rodrigo: Um tema menos divertido: Que tipo de dificuldades você tem encontrado pra manter a página?

16 Bits da Depre: A principal dificuldade é a instabilidade das plataformas.
O Facebook não oferece muito suporte e não valoriza o criador de conteúdo. A qualquer momento sua página pode ser derrubada/removida sem nenhuma chance de recorrer. Daí eu passo horas e horas semanais criando conteúdo e agregando público para uma rede que eu não faço a mínima ideia se continuará lá na semana seguinte.
Ainda tem os eventuais problemas com redução do alcance das postagens e o excesso de propagandas das quais o Facebook não repassa absolutamente nada para as páginas. Demais plataformas como Youtube e Twitter também possuem seus inconvenientes que acabam requerendo um jogo de cintura por parte do criador de conteúdo pra poder continuar fazendo o que gosta.



Rodrigo: Entendo. O terrível mundo das plataformas! Uma pergunta polêmica: Mega Drive ou Super Nintendo? (Risos!)

16 Bits da Depre: O console do coração é o Mega Drive, não porque escolhi mas porque me foi designado no Natal mais feliz da minha vida.
Se eu tivesse que deixar o coração de lado pra fazer uma escolha mais pragmática entre Mega Drive e Super Nintendo, então certamente o que pesaria pra mim não seria a capacidade gráfica ou sonora de cada console, e sim os exclusivos de cada um. E tanto Mega Drive quanto Super Nintendo possuem exclusivos de tanto peso que fica muito, mas muito difícil escolher.

Resolvendo a dúvida...

Rodrigo: Sim, uma declaração bem verdadeira. 16 Bits, por sua culpa acabei me lembrando da letra do Trem da Alegria (que a infância já havia apagado), e além de ficar rindo sozinho, fico cantarolando Scorpions e Uns e Outros. De todos os vídeos qual te deu mais prazer?

16 Bits da Depre: Rapaz, pergunta difícil, viu? Não tem um em específico, mas eu me lembro muito bem de me divertir muito com o processo criativo do Legião Urbana (feito com Golden Axe), Raimundos (feito com o Blanka) e o primeiro videoclipe que foi de uma música do Cazuza.
Ah, também foi muito divertido fazer Evidências com Cadillacs & Dinosaurs. Sério, foi muito divertido  produzí-los.

Rodrigo: Fora o do Legião Urbana  que atraiu a atenção do QG (somos fãs!), e confesso ter sentido um frio na espinha quando vi o do Cazuza (O Tempo não Para)...  E o quadro das músicas do Street Fighter (“Quando toca a música de seu país em Street Fighter”)? Qual é o seu preferido?

16 Bits da Depre: Gosto muito da Índia e da URSS, mas quando fiz o da Jamaica eu acabei ficando triste em saber que nenhum outro que eu fizesse conseguiria superar aquele. (Risos)


Rodrigo: (Risos) Meu preferido é o da URSS e o da Espanha. Agora sobre os próprios jogos, você tem um game/personagem preferido pra trabalhar?

16 Bits da Depre: Gosto muito de usar Golden Axe e Streets of Rage, tenho até que me policiar para não usar demais e acabar revelando um favoritismo.
Também gosto de usar bastante os sprites de Super Metroid, e como os elementos do jogo são de resolução relativamente baixa, fica mais fácil pra manipular.

Rodrigo: Entendi. Particularmente, os memes com o Cormano de Sunset Riders e os vídeos do Mortal Kombat vejo como muito populares. Estamos terminando mas gostaria de fazer umas perguntas finais. Como surgiu a ideia do Luigi Problematizador?

16 Bits da Depre: O Luigi Problematizador surgiu da minha intenção de usar um mensageiro, alguém pra levar uma ideia ou levantar algum questionamento.
Como o personagem Luigi carrega em si o aspecto de excluso, second player, Mario Verde e tals... isso me me fez pensar que alguns seguidores se identificariam mais com ele e consequentemente com as mensagens que ele passa.

Me identifiquei tanto com isto também...


Rodrigo: Show! É mais interessante que eu pensava. Eu antes de finalizar, queria perguntar sobre a "perícia musical" dos personagens. Um amigo guitarrista ficou impressionado com os bends e a virada de bateria dos personagens, em especial os Scorpions (no clipe Wind of Change). Você é músico?

16 Bits da Depre: Não sou músico mas eu consigo reproduzir algumas músicas que gosto em instrumentos de corda. Sei alguns acordes, algumas técnicas como bends, slides, shifts.. ou seja, não sou músico mas se você me chamar pra um luau e me der um violão eu consigo me virar. (Risos)

Juro que pensei nisso nos momentos de raiva!


Rodrigo: Que beleza! Chegamos ao Final.
Datas e campanhas, clipe musical, crítica humanitária, 16 Bits da Deprê, você transformou nossos heróis de infância em algo muito maior: deu-lhe movimento, vida interior e descontração. Mexeu com nossa  nostalgia. Você abriu a caixa de Pandora da imaginação que milhares de retrogamers alimentaram desde a infancia, e nós do QG Master nos identificamos. Deixe pra nós algumas palavras finais!

16 Bits da Depre: Agradeço muito pelo carinho e pelo reconhecimento ao meu trabalho. Sem dúvida alguma, são grandes incentivos para que eu continue tocando a 16 Bits da Depressão mesmo com todas as adversidades que os criadores de conteúdo para redes sociais passam. Aos colaboradores e leitores da QG Master, agradeço pelo espaço e pela atenção.
Por fim, gostaria de fazer um convite muito especial a equipe da QG Master. Em consenso, escolham alguma banda ou artista, sucesso nos anos 90, para que a 16 Bits da Depressão faça um videoclipe muito especial dedicado à vocês!
Vou caprichar!

Rodrigo: Muito Obrigado por tudo, em especial dedicar seu tempo. Já fizemos nossa escolha e aguardamos ansiosamente! É nosso desejo que você perdure seu trabalho com votos de muito sucesso! Até a próxima!


A Página 16 Bits da Deprê tem atualmente mais de 7 mil inscritos. Altamente recomendada por nosso selo da qualidade. É conteúdo único e precioso!

Update: A 16 Bits da Depressão cumpriu sua promessa. Em poucos dias, lançaram um vídeo escolhido por nós. Se você curtiu, curta mesmo e se inscreva no canal!

Listen to your Heart


15 comentários:

  1. A entrevista foi muito bem elaborada, com ótimas perguntas. Meus parabéns!

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  2. A entrevista foi muito bem elaborada, com ótimas perguntas. Meus parabéns!

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  3. Respostas
    1. Brincadeira! Salvei aqui para ler depois! Parabéns 16 bits! :)

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    2. Minha dupla sertaneja favorita.....

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  4. Meus parabéns , adorei a entrevista .
    16 bits hoje , 16 bits amanhã e 16 bits para sempre .:)

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    1. Viva a 16 Bits, hoje, amanhã e sempre! (entendi a referencia!)
      Obrigado pela visita!
      Abraços!

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  5. Uma entrevista de cavalheiros, sem dúvidas! ;-)

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    1. Fico lisonjeado, rss foi um encontro muito bacana!
      O meu entrevistado merece todos os elogios!

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  6. Saudações!
    Muito boa entrevista, Rodrigão! A 16 Bits da Depressão, merecia mesmo, este tratamento VIP pois é muito divertida, de uma criatividade sem igual.
    Parabéns.
    Abraço!

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    1. Salve, parceiro!
      Com certeza, agora me baixou uma tristeza aqui, após o Alexandre Pagano da Tectoy (nosso ídolo de infancia) e a 16 Bits (minha página preferida), como poderei repetir tal façanha? Só se entrevistasse o Ed Boom ou Yuji Naka. rss Todo apoio à 16 Bits, pois ela e seu criador merecem!
      Abraços.

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    2. Tenta o Stefano Arnhold, antes do Boom e o Naka... tenho fé em você!
      Rss!!!
      Abraço.

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  7. E ganhamos nossa homenagem:
    https://www.youtube.com/watch?v=meGgCdYO_Tc

    Roxette: Listen to you Heart estrelando os personagens de Contra:Hard Corps. Muito obrigado, 16 Bits da Deprê!

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